A Sedução da Igreja:
“Dilma sanciona lei que reconhece música gospel como manifestação cultural”
Cabeça do imperador Constantino ao lado do monograma de
Cristo chamado Chi-Rho, um dos primeiros símbolos usados pela igreja cristã e
pelos exércitos do imperador.
Recebi recentemente o convite de uma empresa via e-mail, para
participar de workshops ao valor de R$ 200,00, que ensina a elaborar eventos
evangélicos e a captar recursos do governo para bancá-los, há partir dessa nova
lei. A irmã de fé que me enviou, nas entrelinhas, além de informar o fato,
manifestava sua satisfação pela a aprovação dessa nova lei, que em tese, trará
respaldo ao evangelho por parte da sociedade. A irmã comenta: “Nossa proposta é
capacitar o maior número de pessoas, pois acreditamos que isso resultará num
crescimento maior do Reino [de Deus]”.
E justamente o contrário…
Logo após o susto, que foi acompanhado por um sentimento de
tristeza, imediatamente me veio à memória um episódio semelhante que aconteceu
313 anos após a morte de Cristo. A igreja estava a todo vapor, lutando com
brio, pagando um alto preço por testemunhar o evangelho. Quanto mais era
perseguida, mais crescia o poder de seu testemunho a um mundo que, ao contrário
da igreja moderna, a igreja da época não tinha duvidas que estava perdido. E o
poder de seu testemunho, algumas vezes com sangue, nos anfiteatros, nas arenas,
talvez até no coliseu de Roma, impactava profunda e verdadeiramente o sujeito
comum, que via na atitude da igreja, algo completamente diferente de tudo o que
ele havia visto antes.
Mas o inimigo de nossas almas percebeu que sua estratégia
estava equivocada, pois quanto mais aumentava a perseguição, mais o evangelho
se propagava mundo à fora. Então, o diabo fez o que o a maioria dos
irmãos primitivos não esperava, nem estavam preparados para encarar tamanha
astúcia em combate. O diabo adaptou-se a situação que lhe era desfavorável, e
mudou de plano. Em vez de perseguir a igreja, ele uniu-se a ela. Através do Édito de Milão (um conjunto de
cartas determinando novas posições do governo de Roma), o imperador Constantino
declarou que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso,
acabando oficialmente com toda perseguição, especialmente do Cristianismo. Isso
deu ao cristianismo o estatuto de legitimidade como religião oficial, tanto
quanto o paganismo. A Igreja cristã, agora oficialmente reconhecida, passava a
ter direitos. Seus lugares de culto, destruídos ou confiscados, foram
restituídos. As propriedades retornaram para as mãos dos seus donos cristãos. O
imperador Constantino assumiu o papel de patrono da fé cristã. Ele apoiou a Igreja
financeiramente, construiu um número extraordinário de igrejas, concedeu
privilégios com por exemplo, a isenção de certos impostos para os pastores,
cristãos foram promovidos a altos cargos, deu a igreja terras e outras riquezas
e assim o cristianismo passou a ser uma religião “lícita”, culturalmente
correta.
Com certeza na época, a maioria dos cristãos, mas obviamente
não todos, devem ter feito uma festa tremenda e um estado de euforia deve ter
dominado a igreja cristã por muito tempo. Em todas as igrejas pela cristandade,
cultos de ações de graças embriagaram a maioria dos inocentes cristãos. A
grande “vitória” de Deus sobre o diabo, deve ter sido comemorada até a
exaustão. Ingenuamente, os primeiros irmãos não sabiam que estavam caindo numa
armadilha ardilosa, muito bem arquitetada pelo inimigo de suas almas, que num
primeiro momento assumia um estado de derrota aparente diante de Deus, para
mais tarde, com muita paciência, perverter a igreja. O plano deu certo! A
igreja dos apóstolos se transformou na infame igreja católica, e o imperador
Constatino, mesmo se convertendo ao cristianismo, jamais abandonou as religiões
pagãs. Por 300 anos os primeiros cristãos se mantiveram num lado oposto ao
mundo e prevaleceram. No momento que aceitaram ser envolvidos por ele, foram
quase completamente extintos.
As 95 Teses de Lutero escritas em 1507. Local do acervo,
Wittenberg, Alemanha.
Só 1.204 anos depois, com a revolta protestante de Lutero, a
igreja voltaria a enxergar que a separação com o mundo era uma questão vital
para a sobrevivência espiritual. O inferno então, recebeu um grande golpe que
interrompeu seus 1.200 anos de vitória quase total sobre o cristianismo, com o
reinado da igreja católica. Mas, nos anos 50, os cristãos mais atentos
perceberam o surgimento de um novo fenômeno, diferente daquele dos primeiros
cristãos, mas que no final daria no mesmo resultado, a corrupção da
igreja. Os irmãos observaram o
surgimento significativo dentro da igreja evangélica, de um movimento de
simpatia e inclinação para com o mundo, que buscava mesclar duas culturas
distintas, a cultura bíblica e a cultura de Adão. Do nada começaram há surgir
pastores e teólogos imbuídos num esforço tremendo de reconstruir as pontes com
o mundo, que os irmãos da reforma protestante, com tanto esforço, haviam
destruído. Ao contrario dos primeiros séculos do cristianismo, o diabo agora
atacava a igreja a partir de dentro, e o seu exército era composto por
pastores, teólogos, pensadores, músicos e toda e qualquer personalidade evangélica
que fosse importante o suficiente para formar opinião. Essa estratégia tem
evoluído ao longo dos anos, e está fazendo um efeito devastador num rebanho
gigantesco de analfabetos bíblicos. Note que não foi o governo que buscou
reconhecer a música evangélica como patrimônio cultural, mas os próprios
evangélicos cavaram esse reconhecimento. O que já estava ruim vai ficar bem
pior…
Que só Deus nos influencie!
Postado em Musica em 17/02/2012 por Roberto Aguiar