Introdução
"O PIOR CEGO É AQUELE QUE
NÃO QUER VER"
“O pior cego é aquele que não quer ver”,
porque dessa forma ele se torna conivente com os males que afligem o mundo a
sua volta e sua própria vida e protege os que oprimem, e amaldiçoam pessoas
inocentes, humilham, escravizam e desrespeitam seus semelhantes, “o que os
olhos não veem o coração não sente. Está é sem dúvida a negação do querer ver.
A conveniência sempre impondo a decisão de ficar cego diante de determinadas
situações. Se recusam a ver a verdade. Se omitem. Se alienam. Só enxergam o que
querem e o que lhes interessa. É, no mínimo, uma atitude de comodismo e de
indiferença a sua própria vida e a de mais ninguém. "Que pena de
você".... Que Pena de quem decidiu viver cego a encarar a dura realidade.
Nessa linha de raciocínio é que
surgiu esse provérbio. Nasceu de uma história ocorrida no século XVII na
França. Um aldeão de nome Argel foi a primeira pessoa a receber um transplante
de córnea, num extraordinário sucesso da medicina da época. Ao enxergar, ele se
tomou de um estado de horror com o mundo que passou a conhecer, bem diferente
do que imaginava quando vivia na escuridão da cegueira. Solicitou então ao
cirurgião que o operou a extrair-lhe os olhos, preferia voltar a ser cego. Com
a recusa do médico apelou para os tribunais de Paris e do Vaticano e teve
ganhado de causa. Passou então a ser conhecido como “o cego que não quis ver”.
A narrativa, ou parábola, dá
força ao sentido filosófico deste provérbio, porque demonstra que em muitos
momentos agimos como Argel que preferiu ficar cego para não ver a verdade de
que não queremos enxergar hoje ou somos dominados pelo espírito de frouxidão e
conveniência, se não pode com eles se destrua junto deles. "Que pena de você".... Que escolheu
não enxergar.
18-Voces, que são surdos, ouçam o que diz o senhor! Vocês
cegos, olhem para Deus e voltarão a ver! 19-Não há ninguém, em todo mundo, tão
cego quanto o meu servo e tão surdo como o mensageiro que enviei! Quem é tão
cego quanto aquele que é consagrado a mim, cego como Israel, “o servo do
senhor”? 20-Você viu muitas coisas, mas não da atenção a elas; ouve a verdade,
mas não da importância! 21-O senhor escolheu, para manter sua honra, tornar
grande e gloriosa sua lei. Foi pela lei que ele quis fazer de seu povo uma
grande nação.
Isaias 42: 18-22
Não tenho pretensão nenhuma de
convencer a alguém ou contra argumentar crenças ou religiões, nem neste blog -
como está na descrição - e menos ainda neste novo artigo. Eu gostaria de deixar
alguns esclarecimentos com relação à minha visão pessoal de um assunto que
parece insolúvel e atravessou os séculos. A Lei, tão preciosa e enfatizada na
doutrina judaica, é de suma importância na questão de relacionamento com Deus,
o Eterno, enquanto a Graça é o que Cristãos Evangélicos protestantes dão maior
valor.
É quase um paradigma para os
cristãos modernos associar o Antigo Testamento à Lei e o Novo Testamento à
Graça. Em várias oportunidades, propus a estudantes (de seminário e escolas
dominicais) estabelecer o relacionamento entre os termos e, invariavelmente, as
respostas têm seguido a seguinte relação:
LEI —
Antigo Testamento
GRAÇA — Novo Testamento
A questão não seria exatamente
essa se a pergunta fosse: estamos sobre a lei ou sobre a graça? Pessoalmente,
não enxergo as coisas desta forma e a falta de conhecimento e raciocínio vem
destruindo o homem há muito tempo, como já dizia o profeta Oséias
Meu povo foi destruído por falta
de conhecimento. “Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os
rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu
também ignorarei seus filhos”.
Oséias 4:6
O mais interessante no versículo
acima é que o povo foi destruído por duas razões simples:
1 – Falta de Conhecimento.
2 – Ignorar a lei de Deus.
1ª Parte
O surgimento da Lei
Em primeiro lugar, precisamos
considerar que a Bíblia é a Palavra de Deus. Portanto: ou a tomamos por inteiro,
ou nada! Afinal, tornar-se-ia uma prática muito perigosa se apenas usássemos
contextos isolados para defender ideias.
Vamos começar por GÊNESIS para
entender um pouco a origem das coisas.
Depois da criação, da queda do
homem e do dilúvio, Deus chamou um homem para dar origem a uma nação que seria
representante de Deus na Terra, para a qual Ele prometeu a salvação. Este homem
era Abrão que, pela sua obediência, recebeu a promessa de que por meio de sua
geração muitas nações conheceriam este Deus. A partir de então, Deus o chamou
(capítulo 17) e lhe propôs uma aliança eterna e por ser eterna fundamental para
todos nós.
Será fundamental a leitura do
texto completo:
Sendo, pois, Abrão da idade de
noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus
Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. E porei a minha aliança
entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente. Então caiu Abrão sobre o
seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo: Quanto a mim, eis a minha aliança
contigo: serás o pai de muitas nações; e não se chamará mais o teu nome Abrão,
mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto; E
te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de
ti; e estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois
de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à
tua descendência depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de
ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão
e ser-lhes-ei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a
minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações. Esta é
a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de
ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado. E circuncidareis a carne do
vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós. O filho de
oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido
na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua
descendência. Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado
por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela
alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança. Disse Deus mais a
Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será
o seu nome. Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a
abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela. Então caiu Abraão
sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há
de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos? E disse Abraão
a Deus: Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto! E disse Deus: Na
verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e
com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua
descendência depois dele. E quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis aqui o
tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar
grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação. A minha
aliança, porém, estabelecerei com Isaque, o qual Sara dará à luz neste tempo
determinado, no ano seguinte. Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus de
diante dele. Então tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na
sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo o homem entre os da
casa de Abraão; e circuncidou a carne do seu prepúcio, naquele mesmo dia, como
Deus falara com ele. E era Abraão da idade de noventa e nove anos, quando lhe
foi circuncidada a carne do seu prepúcio. E Ismael, seu filho, era da idade de
treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio. Naquele mesmo
dia foram circuncidados Abraão e Ismael seu filho, E todos os homens da sua
casa, os nascidos em casa, e os comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram
circuncidados com ele.
Gênesis 17:1-27
Deste trecho é importante destacar
alguns pontos:
1 - Deus disse que a aliança
seria perpétua. (Algumas versões dizem eterna.)
2 – Foi Deus quem primeiro
procurou a Abrão. Foi a vontade d’Ele, que é soberana, estabelecer esta
aliança.
3 – Deus propõe a circuncisão já
a partir de Abraão, como sinal de obediência, para selar o início deste
“acordo”, sem ainda citar as demais leis.
4 – Deus está falando em
estabelecer uma nação, e não de salvação.
Portanto, Deus usou a Abrão para
dar início a uma nação a partir da qual o próprio Deus voltaria a se relacionar
com a humanidade. Um povo para obedecê-Lo em amor e fidelidade, uma nação que O
representasse na face da Terra. Mas, no entanto, existia ainda a necessidade de
algumas regras claras para que eles não continuassem vivendo segundo suas
próprias leis naturais, e, por consequência, deixassem uma imagem distorcida de
quem é Deus.
Muito bem. Mais tarde, já nos
tempos de Moisés, os Hebreus escravizados no Egito serviam ao Deus de Abraão
(ao qual foi dada a circuncisão como sinal da aliança). Moisés, homem de
coragem e fé, foi usado por Deus para libertar os Hebreus da escravidão e para
guiá-los para terra que Deus havia prometido já há muito tempo para Abraão.
Logo após, esta nação tão
numerosa vaga no deserto por quarenta anos, mas nunca chegam à terra prometida,
nem mesmo Moisés. Por quê?
Relembre Oséias 4:6: falta de
Conhecimento e ignorar a lei de Deus.
Observemos:
1- Deus sempre levou muito a sério suas promessas, assim
como suas exigências à obediência e fé.
2- Deus já tinha cumprido com parte de Suas promessas feitas
a Abraão. Eles – o povo hebreu – já eram numerosos, e, agora livres, caminhavam
para conquistar a Terra Prometida.
3- Deus em nenhum momento voltou atrás ou mudou as regras,
afinal Ele mesmo afirmou e reafirmou que este acordo seria eterno.
Enquanto o povão está perdido no
deserto, Deus chamou Moisés ao monte Sinai para, só então, estabelecer regras
mais definidas e concisas, para que este povo O servisse e vivesse em harmonia.
Então, Deus escreveu os Dez Mandamentos, com palavras gravadas pelos Seus
próprios dedos em duas tábuas de pedra (Êxodo 31:18), e as entrega a Moisés, e
ainda lhe explica detalhadamente como o povo deveria agir (Êxodo cap. 20-24).
Os dez mandamentos encontram-se
no livro de Êxodo, capítulo 20. LEIA!
Nitidamente os Dez Mandamentos se
dividem em duas partes distintas, as quais foram fundamentais para que esta
nação se organizasse como tal, e aprendesse a viver em harmonia entre si e com
Deus. Assim, observe que os primeiros cinco mandamentos estão diretamente
relacionados ao relacionamento do homem com Deus, e os cinco últimos estão
ligados ao relacionamento dos homens entre si. Fica claro que estes cinco
últimos mandamentos, continuam sendo utilizados até os dias de hoje como base
para as leis que os homens implantam no mundo todo.
1- Não matarás. – Matar é crime em qualquer lugar do mundo!
(Sexto mandamento).
2- Não furtarás. – Roubar é crime! (Oitavo mandamento).
3- Não darás falso testemunho. – Acusar sem provas é crime.
(Nono mandamento).
Se até hoje o mundo cria suas
leis fundamentadas num princípio tão antigo, por que desprezaremos algo de tão
bom e precioso que o próprio Criador fez?
2ª Parte
Atualizando um pouco o tempo.
Passado muito tempo, estamos nós
diante de um conflito sobre a Lei e a Graça. As religiões criadas por mãos de
homens falíveis e de corpos corruptíveis digladiam entre si para defender o que
pensam dentro de um conceito mundano, e na maioria das vezes se privam do
direito de conhecer e se aprofundar sobre os conceitos tão profundos criados
por Deus, uma mente infinitamente superior.
Continuando, o que entendo e foi
explicitado na primeira parte, foi que Deus deu primeiramente a Abrão uma ordem
específica e, depois de muitos anos, pra não dizer séculos, deu ao seu
descendente Moisés os Dez Mandamentos. Como se não fosse o suficiente, os
hebreus – hoje, Judeus – criaram ainda os seus preceitos baseados nas leis dos
mandamentos e nas instruções do Senhor.
Observação:
Os 613 mandamentos ou 613 mitzvot
(do hebraico: תרי"ג מצוות ou Taryag mitzvot sendo TaRYaG um acrônimo
do valor numérico "613") é o nome dado ao conjunto de todos os
mandamentos que, de acordo com o judaísmo, constam na Torá (os cinco livros de
Moisés).1 De uma forma geral, a expressão "A Lei de Moisés" (em
hebraico Torat Moshé תורת
משה) também é utilizada
em referência ao corpo legal judaico.
Leia mais em:
Meu raciocino é: Temos os 10
mandamentos dados por Deus e estes foram resumidos a apenas dois por Cristo
(amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo). As
doutrinas religiosas, sejam elas católica, protestante tradicional,
pentecostal, reformada ou neopentecostal, criaram os seus demais e próprios
preceitos, tais como os supracitados 613 mandamentos seguidos pelos judeus.
O que mais vamos criar?
Este excesso de regras humanas,
preceitos, doutrinas, conceitos religiosos e teologias fundamentalistas têm, na
verdade, nos separado e provado que ninguém entende a mente de Deus,
levando-nos a contendas e a atacarmos os companheiros do mesmo exercito.
Pense um pouco, caro leitor, e
comece a refletir se estas guerras doutrinárias e teológicas valem a pena, pois
durante este tempo estamos perdendo a oportunidade de servir a Deus, amar a
Deus e ter comunhão uns com os outros, o que, sem duvida, é o maior plano de
Deus.
3ª Parte
I. ESTAMOS SOB A LEI OU SOB A
GRAÇA?
Esse questionamento reflete um
entendimento confuso do ensino bíblico acerca da lei e da graça de Deus. Muitos
associam a lei como um elemento pertencente exclusivamente ao período do Antigo
Testamento e a graça como um elemento neotestamentário. Isso é muitas vezes o
fruto do estudo apressado de textos como:
...sabendo, contudo, que o homem
não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também
temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e
não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gálatas
2.16).
Porque o pecado não terá domínio
sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça (Romanos 6.14).
E, de fato, uma leitura isolada
dos textos acima pode levar o leitor a entender lei e graça como um binômio de
oposição. Lei e graça parecem opostas, sem reconciliação — o cristão está
debaixo da graça e consequentemente não tem qualquer relação com a lei. No
entanto, essa leitura é falaciosa. O entendimento isolado desses versos leva a
uma antiga heresia chamada antinomismo, a negação da lei em função da graça.
As implicações da forma como entendemos a
relação entre lei e graça vão muito além do aspecto puramente intelectual. Esse
entendimento vai, na verdade, determinar toda a forma como alguém enxerga a
vida cristã e que tipo de ética esse cristão irá assumir em sua caminhada. John
Hesselink, um estudioso sobre a relação entre lei e graça, exemplifica que, na
década de 1960, os cristãos proponentes da ética situacionista se levantaram
contra leis, regras e princípios gerais, propondo uma nova moralidade. Esse
movimento propõe que a ética das Escrituras não é absoluta, mas depende do
contexto. Nem mesmo a lei moral de Deus é absoluta; ela depende da situação.
Essa proposta surgiu e se desenvolveu dentro do cristianismo tradicional,
alcançando seguidores de todas as bandeiras denominacionais, praticamente sem
restrições. A lei não tem mais qualquer papel determinante na ética cristã; o
que determina a ética cristã é o “princípio do amor,” conclui o movimento. A
consequência dessa conclusão é que a graça suplanta a lei. As decisões éticas
devem ser tomadas levando em consideração o princípio do amor. Tome-se, por
exemplo, a questão do aborto no caso de estupro. Aprová-lo nessas
circunstâncias é um ato de amor baseado no princípio do amor à mãe que foi
estuprada. Ou mesmo a questão da pena de morte. Ela não se encaixa no princípio
do amor ao próximo e, portanto, não pode ser uma prática cristã. Até mesmo
situações como o divórcio passam a ser aceitáveis pelo princípio do amor. O mesmo
acontece com a homossexualidade, aceitá-la passa a ser um ato de amor e,
portanto, essa prática não pode ser considerada como pecado, ou, se assim
considerada, é um pecado aceitável.
Mas seria essa a verdadeira
conclusão do cristianismo e o verdadeiro ensino das Escrituras sobre a lei? É
isso que o estudo das Escrituras e o cristianismo histórico nos ensinam?
Por que usar a lei
Para entendermos bem o uso da lei
precisamos entender o que são o pacto das obras e o pacto da graça. Assim, é
prudente começarmos por esclarecer o que são esses pactos e qual o conceito de
lei que está envolvido na questão.
De forma bem resumida, podemos
dizer que o pacto das obras é o pacto operante antes da queda e do pecado. Adão
e Eva viveram originalmente debaixo desse pacto e sua vida dependia da sua
obediência à lei dada por Deus de forma direta em Gênesis 2.17 — não comer da
árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão e Eva descumpriram a sua
obrigação, desobedeceram a lei e incorreram na maldição do pacto das obras, a
morte.
O pacto da graça é a manifestação
graciosa e misericordiosa de Deus, aplicando a maldição do pacto das obras à
pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, fazendo com que parte da sua criação,
primeiramente representada em Adão, e agora representada por Cristo, pudesse
ser redimida. Porém, a lei antes da queda não se resume à ordem de não comer do
fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A lei não deve ser reduzida a
um aspecto somente. Existem outras leis, implícitas e explícitas, no texto
bíblico. Por exemplo, a descrição das bênçãos em Gênesis 1.28 aparece nos
imperativos: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a. Esses
imperativos foram ordens claras do Criador a Adão e sua esposa e, por
conseguinte, eram leis. O relacionamento de Adão com o Criador estava vinculado
à obediência, à qual ele era capaz de exercer e assim cumprir o papel para o
qual fora criado. No entanto, o relacionamento de Adão com Deus não se limitava
à obediência. Esse relacionamento, acompanhado de obediência, deveria
expandir-se de maneira que nele o Deus criador fosse glorificado e o ser humano
pudesse ter plena alegria em servi-lo. A Confissão de Fé nos fala da lei de
Deus gravada no coração do homem (CFW 4.2). Essa lei gravada no coração do ser
humano reflete o tipo de intimidade reservada por Deus para as suas criaturas.
Nesse contexto podemos perceber
que a lei tinha um papel orientador para o ser humano. Para que o seu
relacionamento com o Criador se mantivesse, o homem deveria ser obediente e
assim cumprir o seu papel. A obediência estava associada à manutenção da bênção
pactual. A não obediência estava associada à retirada da bênção e à aplicação
da maldição. (Deuteronimo 28, 1 – 68). A lei, portanto, tinha uma função
orientadora. O ser humano, desde o princípio, conheceu os propósitos de Deus
através da lei. Tendo quebrado a lei, ele tornou-se réu da mesma e recebeu a
clara condenação proclamada pelo Criador: a morte.
O que acontece com essa lei
depois da queda e da desobediência? Ela tem o mesmo papel? Ela possui
diferentes categorias? Por que Deus continuou a revelar a sua lei ao ser humano
caído?
A PROPÓSITO, DE QUE LEI ESTAMOS FALANDO?
A revelação da lei de Deus, como
expressão objetiva da sua vontade, encontra-se registrada nas Escrituras. Esse
registro, que começou nos tempos de Moisés, fala-nos da lei que Deus deu a Adão
e também aos seus descendentes. Essa lei foi revelada ao longo do tempo.
Dependendo das circunstâncias e da ocasião em que foi dada, possui diferentes
aspectos, qualidades ou áreas sobre as quais legisla. Assim, é importante
observar o contexto em que cada lei é dada, a quem é dada e qual o seu objetivo
manifesto. Só assim poderemos saber a que estamos nos referindo quando falamos
de Lei.
A LEI esta sempre divida nos
aspectos em lei moral, civil e cerimonial. Cada uma tem um papel e um tempo
para sua aplicação:
(a) Lei Civil ou Judicial –
representa a legislação dada à sociedade israelita ou à nação de Israel; por
exemplo, define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.
(b) Lei Religiosa ou Cerimonial –
representa a legislação levítica do Velho Testamento; por exemplo, prescreve os
sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.
(c) Lei Moral – representa a
vontade de Deus para o ser humano, no que diz respeito ao seu comportamento e
aos seus principais deveres.
Toda a Lei é aplicável aos nossos
dias?
Quanto à aplicação da Lei,
devemos exercitar a seguinte compreensão:
(a) A Lei Civil tinha a
finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Como
tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade.
(b) A Lei Religiosa tinha a
finalidade de imprimir nos homens a santidade de Deus e apontar para o Messias,
Cristo, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com sua vinda.
(c) A Lei Moral tem a finalidade
de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e
auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável em todas as
épocas e ocasiões.
CRISTO E A LEI
Precisamos entender que Cristo se
satisfez e cumpriu a lei de forma plena e completa. Ele não veio revogar a lei.
Façamos uma breve análise de Mateus 5.17-19:
Não penseis que vim revogar a Lei
ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos
digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei,
até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto
que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino
dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus.
Alguns pontos interessantes são
demonstrados por Jesus nessa passagem:
(a) Ele veio cumprir a lei e não
revogá-la.
(b) Aquele que cumpre a lei será
considerado grande no Reino dos Céus.
(c) Em nenhum momento Cristo se
referiu à salvação quando se baseou na lei.
Como entender essas conclusões de
Jesus com respeito a si mesmo e à Lei?
(a) Ele veio cumprir a lei e de
fato a cumpriu em todas as suas dimensões: cerimonial, civil e moral. Não houve
qualquer aspecto da lei para o qual Cristo não pudesse atentar e cumprir.
Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente até a própria morte.
Ele tomou sobre si a maldição da lei. Ele se torna o fundamento da justificação
para o eleito.
(b) Ele não só cumpriu a lei
perfeitamente, mas também interpretou a lei de forma perfeita, permitindo aos
que comprou na cruz, entendê-la de forma mais completa, mais abrangente.
(c) Os que nele creem agora
também podem cumprir os aspectos necessários da lei para uma vida santa. No
entanto, esses que por ele são salvos não são mais dependentes da lei para a
sua salvação. Por isso há uma diferença clara entre os que chegam ao Reino dos
Céus, alguns serão considerados maiores do que outros. Nisso consiste o galardão
que o próprio Deus entregara a cada um.
I Pedro 5:b4. E quando o grande
pastor aparecer, vocês receberão a coroa gloriosa, que nunca perde o brilho; I
coríntios 3:7-15 Pois não há diferença entre a pessoa que planta e a pessoa que
rega. Deus dará a recompensa de acordo com trabalho que cada um tiver feito.
Porque nós somos companheiros de trabalho no serviço de Deus, e vocês são o
terreno no qual Deus faz o seu trabalho. È importante que todos nós
compareçamos perante o Tribunal de Cristo, pois neste Tribunal só entra os
salvos, para que receba sua coroa de acordo com o seu merecimento. Nisto todos
estarão em corpos glorificados. (II coríntios. 5.10).
(d) Cristo, ao cumprir a lei,
ab-roga a maldição da lei, mas não a sua magistralidade. A lei continua com o seu papel de ensinar ao
ser humano a vontade de Deus. A ab-rogação da maldição da lei é aquilo a que
Paulo se refere em textos como Rm 6.14 e Gl 2.16 — estamos debaixo da graça!
O ponto principal, claro, é que
Cristo cumpriu a lei em todos os aspectos, seja no vivê-la, no submeter-se à
maldição da lei para satisfazer a sua exigência de punição dos transgressores,
ou restabelecendo sobre outras bases a possibilidade de cumprir aquilo que a
lei requer. Cristo, em outras palavras, satisfez tudo o que a lei exigiu ou
pode vir a exigir da humanidade. A justificação que estava associada à lei
agora pertence completamente a Cristo.
Portanto, nossa obediência à lei
não acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da lei, sem
Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei com Cristo é prazer e
vida. Também, nesse sentido, Cristo é o fim da lei!
CONCLUSÃO
Portanto, ao relacionarmos lei e
graça devemos nos lembrar dos diversos aspectos e nuanças que estão envolvidos
nesses termos.
Primeiramente, encontramos tanto
no Antigo quanto no Novo Testamento, a graça de Deus. Ele não reserva a sua
graça somente para o período do Novo Testamento como muitos pensam. Tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento podemos ver Deus agindo graciosamente, salvando
aqueles que creem na promessa do Redentor. Assim Abel, Enoque, Noé, Abraão e
todos os santos do Antigo Testamento foram remidos. Nenhum deles foi salvo por
obediência à Lei, ainda que o Senhor requeresse deles, assim como requer de
nós, que sejamos obedientes.
Quando Paulo escreve em todo Novo
testamento sobre lei e graça, ele reduz a zero os efeitos da lei concernentes à
salvação, uma vez que em todo tempo o homem sempre foi salvo pela graça. Jesus
veio para deixar tudo ainda mais claro, portanto, tanto debate sobre isso
mostra como Oséias (lembra?) estava certo.
Em segundo lugar, a lei opera
para vida ou morte no pacto das obras e somente para a morte no pacto da graça.
No pacto das obras, por mérito, o homem poderia continuar vivo e merecer a “árvore
da vida.” Portanto, pela obediência o homem viveria. No pacto da graça a lei
opera para condenação do homem caído. Porque o homem já está condenado, ele não
pode mais cumprir a lei e ela lhe serve para a morte.
Por último, a obra redentora de
Cristo, que obedeceu a lei até as últimas consequências, compra-nos o benefício
da salvação e a dá-nos a conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único
modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que, por mérito,
comprou-lhe a salvação. Cristo cumpriu a lei e declarou justificados aqueles
por quem ele morre. Ele cumpriu, os apóstolos cumpriram, assim como todos seus
antepassados. A lei não justifica, mas o
homem que anda segundo a lei segue um caminho ético e correto diante de Deus,
aproximando-se d’Ele.
Deus tenha Misericórdia de nós.
Revisado Por:
Adriano Gomes e Milene Zezzi